Revista Theoria – 12ª Edição

Editorial

Com prazer, apresentamos o volume V de Theoria – Revista Eletrônica de Filosofia, correspondente ao ano de 2013, que começa com este número 12.
Desejamos continuar oferecendo um espaço para a reflexão e a troca de ideias entre estudiosos da Filosofia, à escuta dessa mais que bimilenar tradição de pensamento, sempre atentos aos desafios do contemporâneo.
Nesta edição, que inicia algumas mudanças na apresentação dos artigos, temos a alegria de publicar nossa primeira colaboração internacional, expandindo nossas fronteiras de diálogo. Da mesma forma, registramos a continuidade da publicação de traduções de textos de Leibniz, que enriquecem o conhecimento e a pesquisa a respeito deste autor em nosso país.
Agradecemos a nossos colaboradores e leitores e os convidamos a prosseguirmos unidos o itinerário sempre inacabado da busca do sentido.

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O Estudo da Filosofia e a Evangelização da Cultura

O artigo aborda a relação constitutiva entre evangelização e cultura, ressaltando o papel insubstituível da filosofia no processo de uma autêntica inculturação do evangelho. Depois de analisar exemplos bem sucedidos de evangelização da cultura ao longo da história do cristianismo, mostra como a mesma aliança harmônica não ocorreu nos tempos modernos. Considera, porém, que a situação atual oferece uma nova oportunidade de diálogo entre a fé e a cultura, desde que sejam observados os requisitos de sensibilidade e respeito para com os valores do mundo atual, a serem purificados pelo espírito evangélico instilado no bojo da cultura viva mediante as categorias do pensar filosófico.

Palavras-chave: Evangelização, Cultura, Modernidade, Filosofia.

João A. Mac Dowell
Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). Professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE).

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On Récanati’s Availability Principle

Neste artigo sustento que o Princípio de Acessibilidade de Récanati para determinar o que é dito está minado pela suposição de um conceito problemático de consciência e uma defeituosa analogia com a percepção.

Palavras-chave: Récanati, O que é ditto, Pragmática, Consciência.

Pierre Baumann
Doutor em Filosofia. Professor do Departamento de Filosofia, Universidad de Puerto Rico. E-mail: pdbaumann@gmail.com

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O Hibridismo Filosófico da Obra O Príncipe De Maquiavel: Redescobrindo Metodologicamente suas Ideias Fundamentais

O artigo procura fazer, sinteticamente, o inventário epistemológico das ideias da obra O Príncipe, de Maquiavel, tentando identificar a estrutura conceitual do hibridismo filosófico desenvolvido por esse autor quando ele tentou encontrar uma solução política inédita para resolver o vazio institucional de sua época. Com esse propósito, desenvolvemos uma metodologia própria através da qual fica claro que o Príncipe não existe concretamente na história, entretanto, para se tornar uma realidade na Terra, deveria contar com a disposição de um homem que se comportaria de maneira híbrida, sobre-humana, extraordinária, e sintética, no sentido de resolver determinados tipos de problemas que impediam a emergência natural ou mesmo contratual do Estado moderno na península itálica.

Palavras-chave: hibridismo filosófico; política animal; inventário epistemológico das ideias.

Heraldo Elias Montarroyos
Doutor em Filosofia pela USP. Professor Adjunto da Faculdade de Direito da UFPA.

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A Carta Roubada e a Questão da Insistência Significante: A Verdade em Heidegger e em Lacan

No presente artigo, examinamos a questão da insistência da cadeia significante tendo por referência o Seminário sobre A carta roubada, no qual Lacan aborda essa insistência como fruto de uma alternância entre o ‘discurso do Outro’, o ‘anúncio da possibilidade de morte simbólica’, e a incidência da castração. Na proposta de evidenciar o caráter matemático do inconsciente, o psicanalista francês trata ainda de acentuar a verdade como necessária à assunção do modo como o inconsciente se manifesta. Mesmo a mentira, por manter relação com a verdade, seria cara à leitura dessa manifestação.

Palavras-chave: Insistência da cadeia significante; Castração; Ordem simbólica.

Fabíola Menezes de Araújo
Doutora em Teoria Psicanalítica pela UFRJ. Possui graduação e mestrado em Filosofia pela UERJ.

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Prolegômenos ao de Unitate Intellectus Contra Averroistas de Tomás de Aquino

O presente estudo quer ser uma abordagem histórico-sistemática preliminar do opúsculo De unitate intellectus contra averroistas de Tomás de Aquino, que ocupa uma singular posição entre seus escritos tanto por seu tom de polêmica – não comum no estilo de Tomás – quanto pela repercussão que teve na época de seu aparecimento. Voltar-se-á o olhar à análise do contexto das disputas entre as várias correntes doutrinais na Universidade de Paris na segunda metade do século XIII, em especial no que se refere ao chamado averroísmo latino, bem como ao conteúdo da obra em questão, em busca de se delinear suas linhas mestras de raciocínio.

Palavras-chave: Tomás de Aquino – Averroísmo Latino – Alma.

Juliano de Almeida Oliveira
Mestre e Doutorando em Filosofia pela PUC-SP. Professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG).

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São Sólidos os Argumentos de Quine Contra a Modalidade De Re?

Quine é cético acerca da modalidade que as coisas têm (de re), ou seja critica que alguns aspetos da realidade possam ser necessários e que possam ser tratados com operadores de lógica modal. Para defender esta sua ideia, Quine apresenta três argumentos. Neste artigo examinamos criticamente cada um destes argumentos e concluímos que não são argumentos sólidos contra a modalidade de re.

Palavras-chave: Quine – Lógica modal – Necessidade de re.

Domingos Faria
Doutorando em Filosofia pela Universidade de Lisboa. E-mail: df@domingosfaria.net

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Materialismo Tecnocientífico e Reducionismo Humano à Luz da Filosofia da Mente e da Antropologia Filosófica

O avanço da tecnologia e da medicina nas últimas décadas tem provocado o surgimento de “um novo mundo” e de uma nova concepção de ser humano. Esse desenvolvimento que teve seu surgimento, sobretudo no século XIX, com a revolução industrial e o positivismo, vem permeado da visão materialista do mundo e da existência humana. Segundo tal concepção, o ser humano é apenas uma máquina biológica puramente material e, como tal, reprodutível mecanicamente por meio da tecnociência. Assim, o materialismo configura-se como o pano de fundo das pesquisas em neurociência, psicologia e inteligência artificial, sendo uma das diretrizes nas reflexões em Filosofia da Mente como resposta à problemática mente-cérebro, uma das principais da área. Contrapondo-se a esta perspectiva, a Antropologia Filosófica vê o homem em sua integralidade, não o restringindo à matéria ao buscar responder à pergunta “quem é o homem?”. Por ser um tema amplo, no presente trabalho nos pautamos pelos estudos de Lima Vaz e Edith Stein, dois dos principais pensadores da Antropologia Filosófica trabalhados atualmente. Vaz concebe o homem como uma totalidade composta de corpo, psiquismo e espírito. A dimensão física do “corpo”, puramente, é incapaz de explicar o ser humano, uma vez que este se apresenta também em seus aspectos intencional e anímico. A categoria do “psiquismo”, então, ultrapassa a do corpo e serve como mediadora entre ele e a sua dimensão espiritual. Já o “espírito” é a síntese na qual o homem atinge a universalidade do ser como razão e liberdade. Mais do que dar respostas à luz da Filosofia da Mente e da Antropologia Filosófica, à problemática do ser humano inserido no contexto de avanço técnico-científico da atualidade, este trabalho procura problematizar e despertar o interesse para que novos estudos sobre ela sejam realizados.

Palavras-chave: Filosofia da Mente; Ciência; Tecnologia; Antropologia Filosófica.

Daniel Santini Rodrigues
Graduado em Filosofia, Teologia e Ciências da Computação; Mestre em Educação pela Universidade São Francisco e Professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre (FACAPA).

Benedito Fernando Pereira
Graduado em Letras e Filosofia; Especialista em Ensino de Filosofia (FACAPA) e Mestrando em Ciências da Linguagem (UNIVÁS).

Fábio Brandão
Graduado em Filosofia e Especialista em Ensino de Filosofia (FACAPA).

Luciana Isaura Guimarães
Graduada em Psicologia (UNIVÁS) e graduanda em Filosofia (FACAPA).

Thaís Bernardes de Oliveira
Graduanda em Filosofia (FACAPA).

Tobias Augusto Rosa Faria
Graduanda em Filosofia (FACAPA).

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Uma Reflexão Sobre A Teoria De Justiça Em John Rawls

O presente artigo tem por pretensão esclarecer o conceito de justiça proposto pelo filósofo norte americano John Rawls. Em sua teoria da justiça ele está preocupado em resolver a tensão entre distribuição de renda e justiça social. Partindo em certa medida em reação ao utilitarismo clássico, ele desenvolve sua tese de um ponto de vista polêmico: se uma ação pode maximizar benefícios principalmente para os menos favorecidos, a desigualdade é justificada. Rawls tenta esclarecer melhor isso apoiado em três conceitos básicos da sua argumentação: o de posição original, o de princípios de justiça e o de consenso sobreposto.

Palavras-chave: Justiça – Rawls – Sociedade.

Daniel Nery da Cruz
Mestrando em Filosofia pela UNISINOS. Pesquisador do Núcleo Avançado de Estudos da Contemporaneidade – UESB. E-mail: danielncruz@hotmail.com

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A Arte de Morrer Como uma Dimensão do “Cuidado de Si” no Pensamento dos Filósofos Greco-Romanos

O presente artigo trata das práticas de si em torno da problemática da morte como uma das dimensões do “cuidado de si” (epiméleia heautoû) na constituição do sujeito ético, a partir do instrumental teórico inaugurado por Michel Foucault no curso “A hermenêutica do sujeito”, em que se percorrem os pensadores greco-romanos desde o século V a.C. até o fim do período helenístico. Para tanto, analisam-se os principais contornos dessa peculiar constituição de si mesmo, como o suicídio, o conceito de salvação, as práticas de transformação do eu em relação à preparação para a morte e ao temor frente ao termo vida.

Palavras-chave: Morte, Foucault, Suicídio, Subjetividade, Salvação.

Celise Dalla Costa
Mestranda em Filosofia pela PUC-PR. Psicóloga clínica. E-mail: celisedcm@gmail.com

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Tem a História alguma Significação? As Concepções de Agostinho, Rousseau, Kant e Nietzsche

Neste trabalho são apresentadas quatro concepções acerca da significação da história e sobre a postura existencial a ser tomada diante desta, a saber, as visões de Santo Agostinho, de J. J. Rousseau, de I. Kant e de F. Nietzsche. Das quatro concepções apresentadas emergem também quatro linhas gerais de interpretação histórica. A compreensão do sentido do tempo e da história se mostra complexa quando encarada com uma visão mais atenta e reflexiva.

Palavras-chave: História. Agostinho. Rousseau. Kant. Nietzsche

José Junio Souza da Costa
Pós-graduando em Docência do Ensino Superior pela Universidade Católica Dom Bosco – UCDB/MS. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Email: tuirajj@hotmail.com.

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Carta de Leibniz a Des Bosses (31/07/1709)
[Sobre as almas, as enteléquias, as mônadas, a massa e o espaço]

Tradução e Notas:
Juliana Cecci Silva
Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Tradução na Universidade de Brasília, Postrad – UnB, e fez seu bacharelado em Letras-Francês pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e-mail: julianacecci@yahoo.com.br.

William de Siqueira Piauí
Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo, FFLCH – USP, e, atualmente, é professor da Universidade Federal de Sergipe, UFS, e-mail: piauiusp@gmail.com.

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