Edição 05/2010

O Ceticismo pirrônico e a Classificação das Filosofias Possíveis

O presente trabalho procura mostrar como o ceticismo pirrônico reduz todas as possibilidades de filosofar a três modos que são contraditórios entre si. Cada modo de filosofar considerado por Sexto Empírico organizaria sua própria investigação procurando alcançar, com a descoberta de alguma verdade, a vida feliz e a tranquilidade do espírito. A filosofia, neste sentido proposto pelos céticos, é a busca pela verdade em proveito da felicidade humana e não o seu contrário. Mas se o objetivo da investigação filosófica é a busca pela verdade como exercício do conforto e da felicidade do espírito, os céticos seguidores de Pirro denunciam que as demais formas de filosofar não alcançam nem a verdade e muito menos a felicidade. Por não conseguirem defender as suas pretensas verdades dos argumentos céticos, os dogmáticos e os acadêmicos terminam por trazer desconforto e infelicidade aos seus seguidores, o que contraria o próprio sentido da busca pela verdade. Desse modo, defenderemos que ao contrário do que muitas vezes erroneamente se pensa da perspectiva pirrônica, ela não é fechada ou intransigente, mas ao contrário, é um modo de filosofar coerente segundo suas próprias razões, e que procura, sobretudo, alcançar pela filosofia a tranquilidade do espírito e a vida feliz.

Palavras-chave: Ceticismo. Pirro. Ataraxia.

Edgard Vinícius Cacho Zanette
Mestrando em Filosofia pela Unioeste-Campus de Toledo. Bolsista da CAPES.

Baixar artigo: O Ceticismo pirrônico e a Classificação das Filosofias Possíveis

Hume, Nietzsche e o Sujeito Como Ficção

O objetivo deste trabalho é apresentar os argumentos de René Descartes, um dos maiores teóricos e defensores do “sujeito”, não apenas como realidade verdadeiramente existente, mas também como base e fundamento seguro sobre o qual se pode e se deve construir todo o conhecimento humano. Em contrapartida, apresentamos os pensamentos de David Hume e Friedrich Nietzsche, que vão diretamente contra o sistema cartesiano, colocando, cada um à sua maneira, o “sujeito” como ficção. Procuramos, ainda, não apenas expor o pensamento destes dois últimos, mas observar o quanto podem ser surpreendentemente coerentes quando nos propomos a investigar seriamente a suposta realidade de nossos “eus”.

Palavras-chave: Hume. Nietzsche. Sujeito.

Diogo Bogéa
Mestrando em Filosofia pela PUC-Rio.

Baixar artigo: Hume, Nietzsche e o Sujeito Como Ficção

A Morte de Deus, a Rachadura Do Eu e a Implosão do Mundo

O texto tem o objetivo de ver, em linhas gerais, como Deleuze posiciona o pensamento kantiano contra o pensamento cartesiano. Estratégia que supõe discutir não só a abordagem kantiana do tempo, mas a importância da mesma na crítica dos temas de Deus, Alma e Mundo.

Palavras-chave: Cogito Cartesiano. Tempo. Cogito Kantiano.

Péricles Pereira de Sousa
Doutor em História da Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Professor do Departamento de Filosofia da Universidade de Montes Claros (UNIMONTES).

Baixar artigo: A Morte de Deus, a Rachadura Do Eu e a Implosão do Mundo

Dois Tipos de Possibilidades Metafísicas

Neste ensaio, pretendemos mostrar o que é a possibilidade metafísica, distinguindo-a da possibilidade lógica e da possibilidade física, e depois indicar que há pelo menos dois tipos de possibilidades metafísicas, a saber, as potencialidades das coisas e as possibilidades de ocorrência de eventos. E isso é um objetivo importante, pois torna mais clara a discussão sobre possibilidades. Para indicar o que é a possibilidade metafísica, tentarei mostrar que é preciso uma modalidade absoluta para o debate sobre o que é possível não seja trivial. E para indicar que há dois tipos de possibilidades metafísicas, mostrarei que podemos falar de modo independente dessas duas noções de possibilidade, e que o debate sobre determinismo e indeterminismo pressupõe essa distinção. A conclusão que chegamos é que há realmente esses dois tipos de possibilidades metafísicas, e que, se não quisermos ser ambíguos, teremos boas razões para utilizarmos essa distinção em nossas teorias sobre possibilidades.

Palavras-chave: Metafísica. Modalidade. Possibilidades Metafísicas.

Rodrigo Reis Lastra Cid
Mestrando em Lógica e Metafísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Baixar artigo: Dois Tipos de Possibilidades Metafísicas

A Inefabilidade do Conceito de Ética em Ludwig Wittgenstein

Inerente ao conceito de ética se instaura um acentuado grau de dificuldade, tanto para quem quer aprendê-lo como para quem quer falar sobre ele. Não obstante, com Ludwig Wittgenstein essa realidade verdadeiramente se concretiza, uma vez que a ética se torna inefável. A ética não pode ser demonstrada em palavras porque não existe no mundo representação plausível de valor absoluto, próprio do ser da ética. A ética é uma realidade transcendental, de modo que tem por intenção abarcar todas as significações particulares. Portanto, a pretensão deste artigo é mostrar que a ação mais coerente do homem, frente à reflexão ética, é o silêncio, que se consolida em uma proeminente atitude filosófica. Reconhecer que existe um limite entre aquilo que pode ser dito e aquilo que pode ser mostrado é ter postura filosófica e se basta por si mesmo.

Palavras-chave: Inefabilidade, Ética, Wittgenstein.

Evandro José Machado
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Toledo.

Baixar artigo: A Inefabilidade do Conceito de Ética em Ludwig Wittgenstein

A Recepção da Lógica pelos Pensadores Pós-Aristotélicos

A Lógica foi sistematizada por Aristóteles, que reuniu todo o conhecimento lógico na coletânea do Organon. Porém, no período pós-aristotélico, os pensadores teceram suas considerações a respeito do trabalho de Aristóteles. Alguns o criticaram; outros, porém, acolheram sua proposta e, no mais das vezes, as desenvolveram. Por isso, é mister apresentar, neste artigo, como os filósofos pós-aristotélicos se organizaram em torno daquilo que foi sistematizado e desenvolvido pelo filósofo de Estagira.

Palavras-chave: Lógica, Aristóteles, Organon, filósofos pós-aristotélicos.

Wilson Mário de Morais
Mestre em Filosofia pela PUC-Campinas. Coordenador e Professor do Curso de Filosofia da Faculdade Católica de Pouso Alegre.

Edvaldo Ribeiro de Souza
Bacharel em Filosofia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre.

Baixar artigo: A Recepção da Lógica pelos Pensadores Pós-Aristotélicos

Metafísica para além do Niilismo: A Proposta de Vittorio Possenti

O presente artigo quer ser uma primeira aproximação ao pensamento de Vittorio Possenti, filósofo italiano, que propõe uma continuidade da Filosofia do ser para além do horizonte do niilismo contemporâneo, o que se configura como a “terceira navegação”, depois da “segunda navegação” iniciada por Platão. O niilismo europeu quis “libertar” o ocidente da Metafísica, tida como aniquilada pelo criticismo kantiano. Na realidade, a tarefa da Filosofia hoje, segundo o autor, seria preparar uma retomada da Metafísica, de modo que ela possa ter novamente o lugar de destaque que lhe cabe na história da civilização ocidental.

Palavras-chave: Filosofia do Ser. Niilismo. Vittorio Possenti.

Juliano de Almeida Oliveira
Mestre e Doutorando em Filosofia pela PUC-SP. Professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre.

Baixar artigo: Metafísica para além do Niilismo: A Proposta de Vittorio Possenti

Interioridade Humana e Vida Ética

Na filosofia grega, mais precisamente no período denominado epicurismo, a construção da subjetividade estava intimamente ligada ao desenvolvimento da ética. A ética por sua vez era concebida como resultado de uma luta interna de cada indivíduo. O estabelecimento do paradoxo entre interioridade e transcendência coincide, na história das ideias, com o início da era cristã. Em dois momentos distintos, o texto procura demonstrar que nesses dois períodos históricos, dois modelos de ética foram desenvolvidos. O modelo grego, mais próximo do homem de hoje (do natural) pode ser compreendido com uma estética da existência, enquanto que ao homem cristão corresponde uma ética crista, portanto uma ética, normativa.

Palavras-chave: Subjetividade. Interioridade. Vida ética.

Jasson da Silva Martins
Doutorando em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Bolsista CAPES/PROSUP.

Baixar artigo: Interioridade Humana e Vida Ética

O Conceito de Comunidade segundo Lima Vaz

O artigo objetiva demonstrar a inteligibilidade radical do conceito de comunidade segundo Lima Vaz. Ele tem dois tópicos. No primeiro apresenta-se a Ideia de comunidade como a racionalidade fundamental da relação intersubjetiva e no segundo trata-se de demonstrar essa racionalidade por meio da categoria do reconhecimento em seu movimento triádico: universalidade, particularidade e singularidade, para a afirmação da expressão constitutiva do homem enquanto ser-com-os-outros.

Palavras-chave: Lima Vaz. Ideia. Reconhecimento. Comunidade.

Maria Celeste de Sousa
Doutora em Filosofia pela PUC-SP. Vice-Coordenadora do GT Um olhar interdisciplinar sobre a subjetividade humana da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora colaboradora do Mestrado em Filosofia da UECE. Coordenadora e Professora do Curso de Filosofia da Faculdade Católica de Fortaleza. Professora da Rede pública de Ensino do Estado do Ceará.

Baixar artigo: O Conceito de Comunidade segundo Lima Vaz

Matemática e Metafísica em Leibniz: O Cálculo Diferencial e Integral e o Processo Psíquico-Metafísico da Percepção

Meu objetivo neste artigo é analisar parte da influência que a matemática de Leibniz, especialmente o Cálculo Infinitesimal (parte importante de sua Ciência do Infinito), pode ter para o seu conceito de Mônada; para isso apresentaremos sua demonstração da validade universal do Cálculo Diferencial e Integral.

Palavras-chave: Leibniz. Cálculo Infinitesimal. Cálculo Diferencial. Cálculo Integral. Mônada.

William de Siqueira Piauí
Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (FFLCH – USP). Professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Baixar artigo: Matemática e Metafísica em Leibniz: O Cálculo Diferencial e Integral e o Processo Psíquico-Metafísico da Percepção