Edição 07/2011

As Deusas da Justiça, Os Homens e as Vendas da Injustiça

Sendo o homem um animal simbólico, este interpreta e constrói o mundo interior juntamente com a realidade objetiva do mundo exterior. Tais construções simbólicas da relação do homem com o mundo formam os significados. Muitas dessas significações se transformam em linguagem sistematizada. A mitologia é uma grande portadora dos significados, dos símbolos e compositora das diversas linguagens humanas. Não obstante, vivemos à sua sombra. O tema acima adentra este universo que mistura o sagrado e o profano, a justiça e a injustiça humana, a existência humana e sua condição, os símbolos e as linguagens: conceitual, emocional, poética, filosófica, científica e lógica.

Palavras-chave: Animal Symbolicum; Mitologia; Poder; Felicidade; Justiça.

Carlos Roberto da Silveira
Doutor em Filosofia pela PUC-SP. Professor na Faculdade Católica de Pouso Alegre.

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Aristóteles e o Pensamento Evolucionista

Neste trabalho esboçamos uma reflexão sobre o valor científico de algumas noções aristotélicas comparativamente a algumas posições teóricas da ciência moderna. Parte-se do princípio de que está longe do espírito da obra de Aristóteles qualquer espécie de divórcio entre as especulações de caráter metafísico e as teorias que consideraríamos hoje científicas. Num breve histórico, traçamos alguns pontos de convergência com a moderna teoria da evolução para ressaltar a atualidade daquele filósofo.

Palavras-chave: Aristóteles. Finalismo. Holismo. Evolução.

Martinho Antônio Bittencourt de Castro
Doutor em Filosofia pela University of New South Wales.

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Dostoiévski, Nietzsche a As Marcas Deletérias da Vida Ressentida

Neste artigo veremos de que maneira de que modo Dostoiévski e Nietzsche descrevem o mecanismo psicológico do ressentimento nas suas obras, e de que maneira é possível encontrarmos convergências entre ambos acerca do problema do ressentimento na existência humana, demonstrando a decadência existencial que tal distúrbio ocasiona na vida, na criação de valores e no âmbito cultural, pois impede o florescimento da saúde e de uma compreensão mais afirmativa da realidade. O ressentido desenvolve no seu íntimo o anseio por uma reparação imaginária, motivada pelo sentimento de vingança. O ressentido sofre de uma espécie de enfraquecimento da vitalidade, perdendo assim qualquer tipo de vínculo efetivo com a realidade, pois a sua capacidade de estabelecer valores se submete sempre a um ímpeto de reatividade contra o mundo.

Palavras-chave: Nietzsche; Dostoiévski; Ressentimento.

Renato Nunes Bittencourt
Doutorando em Filosofia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Editor da Revista Controvérsia.

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A Moral a Historialização como Afirmação da Liberdade

O problema moral em L’être et le néant será observado pelo viés da psicanálise existencial, apreendendo o indivíduo como tensão entre a má-fé (destino, natureza humana, essência a priori, inautenticidade) e a afirmação da liberdade na historialização (situação, afirmação da liberdade, autenticidade). A moral, sendo histórica, possibilitará pensar a relação indivíduo/grupo por meio do Universal concreto e de uma moral concreta. A conversão possibilitará ao sujeito a tomada de consciência de si enquanto falta de fundamento, poder criador e subjetividade livre, percebendo sua inalienável responsabilidade diante da História (probabilidade, risco, acaso, totalidade destotalizada) e do Outro: eis a busca do ser autônomo. Ao transcender o mundo (entorno, contexto, situação, condições materiais e psíquicas), o homem transcenderá a si mesmo.

Palavras-chave: Moral, Historialização, Liberdade, Autenticidade.

Carlos Eduardo de Moura
Mestre e Doutorando em Filosofia pela PUC-SP. Professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre.

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Uma Reflexão sobre O Instinto: A Leitura Merleau-Pontyana se Lorenz

O presente texto tem por objetivo destacar como, no fundo, Merleau-Ponty vê, nos estudos de Lorenz sobre o instinto animal, algo muito próximo da teoria freudiana sobre a libido, mesmo não citando o psicanalista nessa ocasião. Segundo o filósofo, seguindo a leitura de Lorenz, o instinto é uma atividade primordial sem um objeto específico, muito semelhante à insistência de Freud em descrever tanto a plasticidade da libido quanto o comportamento perverso da criança que pontua os múltiplos desvios da libido em relação ao objeto sexual e ao seu fim. Na verdade, essa tese vai de encontro com a teoria do psicanalista: diferentemente do instinto, a libido, como em muitos lugares Freud insiste, não tem um objeto específico de satisfação. Com Lorenz, tudo se passa como se a originalidade da libido descrita por Freud pudesse ser estendida ao instinto animal em geral, tal como a indeterminação da libido, a contingência do objeto e sua variabilidade de alvos. Meu objetivo será mostrar quais as consequências de Merleau-Ponty fazer tal aproximação no interior de sua obra. Afinal, para aonde aponta essa convergência?

Palavras-chave: Merleau-Ponty. Lorenz. Instinto.

Ronaldo Manzi Filho
Doutorando em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Bolsista CNPq.

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Nietzsche, Turguêniev e o Niilismo

Analisa as ressonâncias do niilismo na obra de Ivan Turguêniev, refletindo sobre sua constituição histórica, seus valores e conseqüências para a modernidade. O referencial teórico da pesquisa é o pensamento de Friedrich Nietzsche, filósofo que caracterizou o niilismo como um princípio desorganizador que arruína as instituições e valores. O nihil (nada) prevalece, gerando ressentimento, declínio, desnorteamento, incapacidade de avançar e criar novos valores. A leitura das obras de Nietzsche e Turguêniev há de apontar para as possibilidades abertas ao pensamento filosófico pela literatura.

Palavras-chave: Nietzsche — crítica e interpretação. Niilismo — filosofia e literatura. Turguêniev — Pais e Filhos.

Vitor Cei
Doutorando em Literatura Comparada pela UFMG. Mestre em Letras e Bacharel em Filosofia pela UFES.

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Liberdade e Não-Liberdade em O Capital de Karl Marx

O objetivo central do presente artigo é analisar a problemática em torno da liberdade em O Capital de Karl Marx. A exposição dialética nos revela que sob o modo de produção capitalista o homem aparece como “livre” e “não-livre” ao mesmo tempo. A positividade da liberdade do capital se revela mediante a análise do mercado e a circulação de mercadoria que exigem relações entre homens formalmente livres e iguais. Por outro lado, a negatividade da liberdade se expressa no domínio do capital sob as relações de produção, no fetichismo, na autocracia do capital sob o trabalho. Liberdade e não-liberdade coexistem no interior das relações capitalistas, uma aparece como pressuposto da outra.

Palavras-chave: Dialética, Modo de Exposição, Capital, Liberdade.

Carlos Prado
Mestre em Filosofia e professor da Uniderp Anhanguera.

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Nietzsche e a Crítica da Lógica: Entre o Sonho e a Embriaguez

O texto pretende explicitar, numa breve pincelada, de que modo Nietzsche encarava o desenvolvimento do pensamento lógico e sua utilidade. Posicionando-o como crítico da lógica e defensor das intuições, parece-nos que há, em Nietzsche, clara oposição entre o universo lógico e o universo intuitivo, razão pela qual iremos nos deter às conseqüências dessa oposição e à análise dos aforismos 108, 111, 112, 125 e 341 de A Gaia Ciência, evidenciando, desse modo, o caráter reativo do lógico que nos induz à covarde inclinação de antropomorfizar o mundo e ao aprisionamento da vida e das faculdades artísticas.

Palavras-chave: Lógica. Intuição. Criação. Vida.

Milena Tarzia
Mestranda em Filosofia pela PUC-SP. Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Maringá. Graduada em Filosofia pela Universidade Metodista de São Paulo.

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A Leitura Heideggeriana do Princípio de Razão Suficiente

Desde Aristóteles, a metafísica tem a tarefa de elucidar aquilo que se compreende por fundamento (os primeiros princípios), uma vez que, se infere ao ser tal papel. Contudo, o papel metafísico da tematização do fundamento na modernidade racionalista é posto sob suspeita quando Leibniz ao tratar do Princípio de Razão Suficiente afirma que tal princípio é fruto da natureza da verdade enquanto relação de identidade entre sujeito e predicado na proposição. Isto significa que, a prerrogativa metafísica de fornecer as condições fundamentais estaria sendo substituída pelas condições lógicas, fruto de um pensamento racionalista moderno. É justamente a partir desta leitura que Heidegger abre a discussão sobre o fundamento. Parte, portanto, do Principio de Razão Suficiente de Leibniz uma vez que é por meio deste princípio que se abre as discussões da ordem lógica e ontológica do fundamento. Discutindo com Leibniz, Heidegger afirma que a verdade lógica (considerada a natureza da verdade) é antecedida pela verdade ontológica (pré-predicativa), da qual só se alcança quando se tem claro o conceito de diferença ontológica.

Palavras-chave: Princípio do Fundamento, Heidegger, Diferença Ontológica.

José João Neves B. Vicente
Mestre em Filosofia pela UFG. Professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Victor Hugo de O. Marques
Mestrando em Filosofia pela UFG.

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A Ontologia Fenomenológica Sartriana da Consciência: Das Obras do Jovem Sartre a O Ser e o Nada

Este artigo analisa o percurso da temática da consciência ao longo das obras do filósofo francês Jean-Paul Sartre, com ênfase em suas obras teóricas. A metodologia adotada é a de revisão bibliográfica. O autor procura destacar os momentos em que a consciência alcança o papel mais importante na filosofia sartriana defendendo que, de acordo com Sartre a ontologia fenomenológica se torna possível pelo fato de esta estar centrada no ser da consciência, enquanto ser que é ao mesmo tempo contingente.

Palavras-chave: Sartre. Consciência. Fenomenologia. Ontologia.

Luís Carlos Ribeiro Alves
Especialista em Ensino de Filosofia pela Faculdade do Noroeste de Minas – FINOM e em Ensino de Geografia e História pela Faculdade Vale do Salgado – FVS; pós-graduando em Docência do Ensino Superior pela FINOM. Graduado em Filosofia, com Bacharelado pelo Instituto Teológico-Pastoral do Ceará – ITEP e Licenciatura Plena pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Membro do corpo editorial da revista Composição da UFMS.

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