Edição 03/2010

A Base Ética da Filosofia de Karl Popper

Este artigo tem a intenção de apresentar o conceito de base ética como uma nova categoria de leitura da filosofia de Karl Popper. Neste sentido, a admissão de que existe uma preocupação moral do filósofo, anterior às suas elaborações epistemológicas e políticas, permite-nos superar o dualismo que muitas vezes é atribuído à obra popperiana: para muitos intérpretes e leitores, a filosofia de Popper se divide em uma epistemologia e em uma filosofia política ou social, cujos conceitos são mais ou menos assemelhados. Em nossa opinião, tal visão é simplista e conduz a uma interpretação superficial do racionalismo crítico. Ao contrário, admitindo-se o conceito de base ética, supera-se a leitura simplista, o que permite compreender a filosofia de Popper em todo seu alcance e fecundidade.

Palavras-chave: Racionalismo crítico. Ética. Epistemologia. Sociedade aberta.

Paulo Eduardo de Oliveira
Doutor em Filosofia pela PUC-SP. Professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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A Teoria Geracional dos Direitos do Homem

Este artigo tem por objetivo examinar a fundamentação histórica e filosófica dos direitos do homem através de suas sucessivas gerações.

Palavras-chave: Direitos do Homem. Dignidade Humana. Gerações de Direitos.

Samuel Antonio Merbach de Oliveira
Doutor em Direito Internacional pela Universidade Autônoma de Assunção; Doutorando em Filosofia pela PUC – São Paulo; Doutor Honoris Causa pela Academia de Letras do Brasil; Mestre em Filosofia pela PUC – Campinas; Mestre em Direito Processual Civil pela PUC – Campinas; Mestre em Direito Internacional pela Universidade Autônoma de Assunção; Especialista em Direito Processual Civil pela PUC – Campinas; Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pelo Centro Universitário Padre Anchieta; Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário Padre Anchieta e Professor do Curso de Direito da Faculdade de Campo Limpo Paulista.

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A Temporalidade do Pensamento em Descartes

Com o objetivo de chegar a um entendimento claro e distinto acerca da temporalidade do pensamento a partir da filosofia cartesiana, investigamos o que concerne a este tema nas Meditações Metafísicas, nos Princípios da Filosofia e nas Regras para a Direção do Espírito. As noções de tempo e de duração compuseram o conteúdo inicial de nossos estudos. Através delas, tentamos levar à compreensão de como nossa mente é capaz de perceber a passagem do tempo e de conhecer a duração das coisas. Além disso, percorremos com Descartes o caminho trilhado para chegar à descoberta da Razão para saber como o conceito de tempo está envolvido na fundamentação do cogito. Para abordar os problemas conceituais e elucidar as questões envolvidas na noção de tempo cartesiana, além do estudo atento de algumas das principais obras de Descartes, também recorremos aos textos de alguns dos seus principais comentadores.

Palavras-chave: Tempo, Duração, Pensamento, Evidência, Cogito.

Elaine Guinevere de Melo Silva
Doutoranda em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

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Considerações sobre “Cultura e Valor” de Wittgenstein

De todos os trabalhos produzidos por Ludwig Wittgenstein, as notas reunidas pelo seu compilador Von Wright, no título de “Cultura e Valor”, parecem sugerir algumas questões culturais. O contato que o filósofo vienense manteve com a cultura da Viena do século XX, gerou nele um sentimento de saudosismo ao século anterior, o que pode ser justificado na sua insatisfação com o tratamento dado pela nova geração à cultura. Tais questões culturais, as quais acreditamos serem possíveis, desafia-nos na tentativa de fundamentá-las como extensões da filosofia wittgensteiniana. Porém, se quisermos alicerçar nossa hipótese de uma pretensa filosofia da cultura com base na obra Cultura e Valor, deveremos mapear algumas características que apresentem um problema cultural. Para isso, necessitamos descobrir o elemento intrínseco continuador, presente entre ambos os textos, que demonstre o vínculo de tais trabalhos. O próprio Von Wright acreditava na existência de um princípio que relacionaria ambas as produções, visto que, no Symposium de Kirchberg apresentou o seu interesse pelas teses que emergiam de Cultura e Valor. Ele incentivou um estudo sobre a possibilidade desta relação. Talvez tal estudo contribua na identificação de características importantes, as quais evidenciariam uma filosofia da cultura que se mostra em potencial.

Palavras-chave: Cultura, Decadência, Wittgenstein, Jogos de Linguagem, Morfologia Comparada, Spengler.

Rogério Burkot Pietroski
Mestrando em Filosofia pela PUC-PR.

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A Inveja e a Justiça na Poesia Filosófica dos Aedos

No trilhar da História da Humanidade, a filosofia e a poesia se arvoram à amiúde e em alto tom, quando um dos sentimentos humanos mais terríveis se aflora e confronta com as vozes que também se elevam pelo clamor ao justo. Nesse embate, emergem as importantes protagonistas que digladiam no cenário humano: a Inveja e a Justiça. Numa rápida passagem de nossa História, três importantes obras clássicas foram escolhidas como norte. Inicialmente, foi necessário recorrer a duas personalidades da antiguidade que trataram profundamente esta questão. Um era o camponês da Beócia e o outro um cidadão da gloriosa Urbe, de Roma. O primeiro, o aedo Hesíodo, entre o sagrado e o profano, foi quem cantou os Ergas em Os trabalhos e os dias. O segundo, o poeta Ovídio, em sua narrativa contribui com o Livro II- Metamorfoses. E para finalizar, uma obra contemporânea, a do filósofo norte-americano John Rawls em Uma teoria da Justiça fornece os argumentos finais para este artigo, sobre a Inveja e a Justiça nas vozes que ecoam dos aedos.

Palavras-chave: Inveja; Rancor; Emulação; Nada em Excesso; Justiça.

Carlos Roberto da Silveira
Doutorando em Filosofia pela PUC-SP (bolsista CAPES). Mestre em Filosofia pela PUC-Campinas.

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Bakhtin e Wittgenstein: Teorias em Diálogo

O objetivo deste artigo é enfatizar a contribuição dada à filosofia da linguagem, a partir da abordagem das teorias de Mikhail Bakhtin e de Ludwig Wittgenstein, observando alguns aspectos semelhantes entre estes dois pensadores. Utilizaremos principalmente as obras Marxismo e Filosofia da Linguagem de Bakhtin e Investigações Filosóficas de Wittgenstein para encontrar os pontos de convergência entre esses filósofos da linguagem. Iniciaremos com uma pequena abordagem histórica da linguagem, passando pela contribuição de Saussure para firmar a lingüística como ciência, para então chegarmos ao nosso ponto de destaque, ou seja, a apresentação de alguns pontos convergentes no pensamento de Bakhtin e Wittgenstein.

Palavras-chave: Bakhtin; Wittgenstein; linguagem; teorias; dialogue.

Ivanaldo Santos
Doutor em Estudos da Linguagem pela UFRN, professor do Departamento de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERN.
Maria Eliza Freitas do Nascimento
Doutoranda em Linguística pela UFPB e professora do Departamento de Letras da UERN.

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As Sensações Corporais: Distinção entre Paixões e Sentidos no Fédon

Na crítica que Platão faz ao corpo no diálogo Fédon, ele inicialmente se utiliza de um termo geral que determina tanto os sentidos quanto as dores, prazeres e desejos inseridos numa mesma categoria e numa mesma compreensão. O termo usado, o sensações corporais corresponde a forma de referir-se ao corpo no que concerne ao fato deste último constituir um empecilho para a aquisição do saber. Mas não é possível negar que haja uma diferença lógica entre essas duas determinações corporais, dado que os sentidos são instrumentos que captam uma realidade através de um estudo, pela percepção, e as paixões não são capazes de realizar estudo algum, sendo portanto, ambos empecilhos, mas com uma dessemelhança que pode trazer um significativo contraste no que concerne ao modo de interferir do corpo na alma e no que diz respeito ao conhecimento.O presente artigo tem como objetivo o esclarecimento dessa distinção categorial que o filósofo generaliza quando enquadra-os numa mesma categoria sem expor nenhuma explicação referente a essa possível diferença.

Palavras-chave: Sensações corporais, Dores, Prazeres, Sentidos, Conhecimento.

Ana Rafaella Pereira Melo
Mestranda em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba.

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Sociedade, Política e Cultura em Gramsci

Este artigo tece considerações sobre como o filósofo italiano Antonio Gramsci pensa as relações da sociedade com a política e a cultura; analisa a lógica gramsciana no que se refere à importância da filosofia e da ideologia na configuração da hegemonia das camadas populares, para criar condições de transformações nos processos e nas estruturas sociais, mediante ações políticas. É uma incursão epistemológica nas categorias do autor para refletir uma postura política que oriente o processo de luta pela emancipação social e, desta forma, superar as condições de existência.

Palavras-chave: Homem; Intelectual; Cultura, Política; Hegemonia.

Luiz Etevaldo da Silva
Mestrando em Educação nas Ciências (UNIJUÍ-RS). Bolsista da CAPES.

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Conflito e Metalinguagens na Metafísica Descritiva de Peter Frederick Strawson

No presente artigo pretendo aclarar um aparente conflito entre o método filosófico proposto por Strawson e o próprio desenvolvimento de sua filosofia. Ou seja, o apelo à linguagem ordinário de uma lado, e o uso abundante de conceitos técnicos, de outro. A elucidação consiste em notar a função que tais linguagens cumprem em seu projeto, a saber, como metalinguagens.

Palavras-chave: Linguagem ordinária, metalinguagem, predicados, categorias.

Márlon Henrique dos Santos Teixeira
Aluno do departamento de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria.

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Reflexões Filosóficas a Cerca do Poder

O presente artigo relata momentos históricos dentro da epistemologia teórica do poder relacionada às instituições prisionais, reportando-se aos grandes teóricos do tema e fazendo interligação entre as teorias que abordam o poder relacionado às instituições estatais. Estudar-se-á seu advento, bem como, ele acompanhou o desenvolvimento de outras instituições estatais ligadas a ele. Principalmente a forma de padronização do comportamento do homem dentro dos limites impostos pela sociedade regida pelo Estado.

Palavras-chave: Estado, Instituições, Poder, Prisão, Saber-poder, Sociedade.

Tiago Fetalian
Mestrando em Filosofia pela UNISINOS.

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