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Revista Theoria – Edição 20

 

A FELICIDADE NO TRATADO 46 DE PLOTINO

Ao nos concentrarmos nas reflexões éticas de Plotino, tomamos contato com toda uma tradição
anterior a ele. Desde Platão até os estoicos, Plotino os retoma e procurar ir além do que eles disseram, compondo vários tratado. Um deles é o Tratado 46, Sobre a Felicidade, por meio do qual ele leva a ver que, mesmo que tenhamos nos tornado sábios, seremos afetados pelos males, ainda que não de todo, e mesmo assim continuaremos a ser felizes. Por isso, devemos conviver com os males. Mas essa convivência, que para o sábio não é aterrorizante como o é para as outras pessoas, só é possível se praticarmos as virtudes.Os prazeres, por sua vez, não acrescentam nem diminuem coisa alguma na posse da vida feliz, mas são como que resultados desta. Portanto, podem ser desfrutados também, mas podem ser deixados de lado quando necessário, dado que o prazer do sábio não se encontra nos bens primários ou não, mas sim na serenidade que se encontra em seu interior. Assim, o sábio desfruta da felicidade tanto no âmbito sensível quanto do inteligível.

Palavras-chave: Felicidade. Sábio. Vida. Prazeres.

Edvaldo Ribeiro de Souza
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo; neuropsicopedagogo institucional;
e-mail: edvaldosouza1283@gmail.com.

 

A PAZ NO LIVRO XIX DA OBRA AGOSTINIANA A CIDADE DE DEUS

Agostinho é um dos poucos pensadores do mundo tardo-antigo a oferecer uma reflexão profunda e densa sobre a paz. O presente estudo pretende descobrir qual é a concepção que o bispo de Hipona tem sobre esse bem. Para atingir esse objetivo, toma-se como objeto material o livro XIX da obra A Cidade de Deus, considerado por muitos estudiosos como um verdadeiro hino em favor da paz. Na visão de Agostinho, a paz é uma aspiração de todo ser humano, de todo povo, de todo ser. Ela consiste na tranquillitas ordinis. A ordem é aquela disposição que garante às coisas diferentes e às coisas iguais o lugar que lhes corresponde. Com isso, Agostinho postula uma verdadeira escala da paz: a do corpo é a ordem harmoniosa de suas partes; a da alma irracional é a ordenada quietude de suas apetências; a paz doméstica é a concórdia no bem, que se cumpre no mandar e no obedecer dos que vivem juntos; a paz de uma cidade é a concórdia bem ordenada no governo e na obediência de seus cidadãos; a paz do homem com Deus é a obediência bem ordenada segundo a fé sob a lei eterna. Ao definir a paz como tranquillitas ordinis, Agostinho revela uma noção que inspira e domina o seu pensamento moral. Existe um universo hierarquicamente construído, composto de naturezas que se estendem do mais baixo nível de ser corpóreo até ao ápice da criação. Neste horizonte, o homem ocupa um lugar único e singular. A vida moral, neste caso, consiste numa vida bem ordenada, numa escolha correta dos bens criados por Deus. A preservação dessa ordem da paz na sociedade humana depende da obediência às seguintes normas: primeiro não fazer mal a ninguém; segundo, socorrer a todos os que padecem necessidade.

Palavras-chave: Agostinho. Deus. Paz. Tranquilidade. Ordem.

Adriano São João
Doutor em Teologia pela PontificiaUniversità Gregoriana (Roma-Itália); mestre e doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; docente na Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG);
e-mail: asaojoao@yahoo.com.br.